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Ópera Sertaneja

Projeto de encenação. 57 desenhos. técnica mista l350 x 175 cm l 2025

Ópera Sertaneja é um trabalho em que o artista se ficcionaliza como encenador em uma sala de ensaio, território entre o real e a fabulação, para criar uma ópera pós-dramática onde o drama cotidiano das rádios, os amores proibidos e os sonhos desfeitos ganham a mesma densidade simbólica das tragédias clássicas. Utilizando diferentes técnicas e suportes, como quem ainda está em processo de criação cênica, a obra joga com as fronteiras entre as artes visuais e outras linguagens. Como lidar com o gênero musical sertanejo? Como atravessar suas memórias afetivas, seus conflitos e contradições? E mais: o que acontece quando o projeto de uma encenação operística se entrelaça com um gesto de artes visuais? O ponto de partida está na escuta, nas lembranças ao pé do rádio, para percorrer um gênero popular amplamente difundido no Brasil, tão familiar quanto complexo, tão amado quanto problemático. 
O projeto de encenação parte da busca por um Talismã, o Muiraquitã do Cerrado, um presente da personagem indígena cantada em Índia, seus cabelos nos ombros caídos, perdido nas águas do Araguaia e descendo de chalana. Heróis e heroínas percorrem um sertão goiano reinventado, cruzando cavalos, estrelas, coristas amarrados em Shibari, rádios gigantes, camas que descem do teto, em 57 cenas desenhadas para dar conta dos males da paixão. Nesta obra, o erudito e o popular se encontram no mesmo palco, não para serem comparados ou hierarquizados, mas para ter suas fronteiras dissolvidas em uma linguagem cênica onde o excesso é forma e sentido. Canções que moldaram o imaginário sertanejo, de Marília Mendonça a Sérgio Reis, de João Paulo e Daniel a Gino e Geno, ganham corpo, movimento e crítica, encenadas por duplas que se amam, se enfrentam ou se perdem. 
Ópera Sertaneja é um sertão-mundo, habitado por ícones da cultura popular e figuras arquetípicas, onde o melodrama, a fé, a política e o erotismo se misturam em um espetáculo atravessado pela pergunta: o que resta do amor quando o palco é o próprio Brasil?

Não vou negar. Centro Cultural da UFG. Goiânia/GO. 2025.

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